Algumas poupanças são de evitar quando se luta pelo título. Isto tanto serve para Leonardo Jardim, que ontem viu o primeiro lugar por um canudo desde a Marinha Grande (a capital do vidro), como para Jorge Jesus e Vítor Pereira, que estavam em pé de igualdade na jornada anterior. Se já soava a bizarro a possibilidade de o treinador refrescar o Braga com alguns dos jogadores menos utilizados frente ao Leiria, a pensar no desgaste físico despendido na última jornada da Liga Europa, mesmo na antecâmara de duas semanas sem competição, tudo se tornou mais cristalino logo no aquecimento e realmente perigoso: em vez de Elderson, Hugo Viana, Hélder Barbosa e Lima, apareceram de início Imorou, Leandro Salino, Mérida e Carlão. Sem o "box-to-box" habitual (Hugo Viana), a equipa perdeu o seu fio condutor principal e o Braga "habitual" já não foi o mesmo. Só houve um "remake", embora daqueles indesejados: a passe de Mérida, novo desperdício escandaloso de Mossoró. O calor apertava, tolhia as ideias e a velocidade, mas o suor passou a escorrer realmente (de nervosismo) a partir do golo de Luís Leal, que contou com uma tentativa de corte de Paulo Vinícius para enganar Quim.
Por outro lado, as aparências iludem sempre que entra em equação o factor Manuel Cajuda. Comparada a primeira derrota da época, frente aos belgas do Brugge, com o drama colossal do Leiria (cinco derrotas e 14 golos sofridos); o Braga era um sério favorito à vitória e não lhe faltam recursos para dominar a mais rebelde das equipas - até deu para inventar um Braga B. O grande problema é que o terceiro treinador do Leiria esta época está para a equipa arsenalista (e para muitas outras) como a "criptonite" para o super-homem, especialmente em estreias críticas. Qual génio da lâmpada, o ex-treinador do Al-Sarjah (Dubai) só precisou de três treinos e de um par de entrevistas para levantar o moral das tropas, ao mesmo tempo que descobriu no baú do clube três valiosas opções: Maykon, Cacá e Jô. Tudo bem misturado com Luís Leal, resultou numa solução infalível. As posteriores entradas de Nuno Gomes, Hélder Barbosa e Lima ainda mexeram com o Braga, mas o veneno já se tinha alastrado.
Arbitragem
Exagerado nos descontos
Atendendo a que não se registaram grandes paragens ao longo do tempo regulamentar, Marco Ferreira exagerou ao fixar seis minutos de tempo extra. De resto, o madeirense esteve bem ao ignorar três penáltis fictícios: um a favor do Braga (Baiano cai na área aos 9') e dois do Leiria (56' e 90'+4')
O MOMENTO: 20'
Mossoró não mata
A história do jogo poderia ter sido outra se Mossoró tivesse materializado uma das melhores oportunidades do jogo, isto sete minutos antes do golo de Luís Leal. Para não variar, o brasileiro volta a ficar ligado a uma perdida incrível. Isolado pelo espanhol Mérida, o número 8 galga um par de metros e dispara à entrada da área... para as nuvens. Assim não dá.
Lances-chave
20' Mossoró falha. [ver Momento do Jogo]
27' [1-0] Luís Leal marca. Rápido sobre a esquerda, o número nove leiriense escapa a Baiano e foge para o meio para rematar de meia-distância de pé direito, beneficiando de um desvio de Paulo Vinícius que acaba por enganar Quim.
54' Pouco apertado por Imorou, Marcos Paulo resolve disparar de longe e a meia altura. Atento, Quim evita o pior, desviando a bola para canto.
59' Atento a um mau alívio da defesa contrária, Alan recolhe à entrada da área e bate a bola com alguma colocação. Gottardi encaixa sem problemas e evita o pior para a baliza leiriense.
81' No seguimento de um canto cobrado por Élvis, a defesa do Braga demora a despachar uma bola. Sozinho, sem oposição, Bruno Moraes dispara por cima da barra, já na pequena área.
83' Assistido desde a direita por Alan, Hélder Barbosa bate de primeira e obriga Gottardi a aplicar-se para defender, evitando o empate.
O Braga um a um
Quim 6
Isento de culpas no golo de Luís Leal, que enganou o guarda-redes ao beneficiar de um desvio de Paulo Vinícius, revelou atenção nos cruzamentos para a área e, com um par de boas defesas, negou uma vitória mais folgada ao Leiria.
Baiano 6
Lutou contra a maré até ao fim do jogo com o dinamismo habitual. Na única distracção da tarde, Luís Leal aproveitou para marcar.
Paulo Vinícius 5
Em maré de azar, tudo lhe acontece, incluindo ficar associado ao golo do Leiria. Ficou pelo menos a intenção de sempre: desarmar e ajudar a equipa.
Ewerton 6
Em contraste com alguns companheiros, impôs a lei com confiança, desarmando o inimigo com a velocidade desejável.
Imorou 5
Novidade no "onze", foi à luta. Esteve melhor nas manobras defensivas do que a desequilibrar na frente.
Djamal 5
Órfão de Hugo Viana, perdeu-se algumas vezes em campo. Na retaguarda, sempre impecável.
Salino 5
Demasiado escondido a meio-campo. Subiu de rendimento no segundo tempo.
Mossoró 4
Continua a alternar a excelência com momentos confrangedores.
Alan 6
Sempre a meter velocidade pela direita. É a prova de que os jogos europeus não desgastam tanto assim.
Mérida 6
Agradável surpresa. Colocou Mossoró na carreira do golo (desperdiçado) e deu o lugar a Nuno Gomes.
Carlão 5
Sempre a ameaçar. Faltou o golo.
Nuno Gomes 5
Deu mais trabalho à defesa do Leiria.
Hélder Barbosa 6
Chamado de urgência ao banco, deu outra vida ao flanco esquerdo
Lima 4
Último trunfo: sem sorte e oportunidades.
Leonardo Jardim
"Sem objectividade para criar muitas situações"
Leonardo Jardim justificou a derrota com o facto de o Braga não ter conseguido "apresentar a intensidade alta de jogo como pretendia". "Apesar da primeira parte em que dominou com maior posse e circulação de bola, o Braga não teve a objectividade de criar muitas situações de golo. Sofremos um golo, tivemos de reagir, criando mais gente no processo ofensivo, o que abriu mais espaços para o adversário", analisou.
A equipa que se apresentou na Marinha Grande não tinha quatro titulares habituais. O treinador lembra que o Braga tem objectivos nas várias provas. "Os jogadores que jogaram mantiveram a intensidade máxima. Jogámos na quinta-feira e existe uma sobrecarga de jogos grande. Há necessidade de contar com todos. Nenhuma equipa consegue ter ambição nas várias provas se tiver só 11 ou 12 jogadores."
Além disso, a derrota não se deve "só por terem saído os quatro jogadores", mas foi a "conjuntura de todos os factores". Depois de duas derrotas consecutivas, Leonardo Jardim promete "analisar" os jogos e "corrigir" os erros.
Nuno Gomes
"Adversário marcou no único remate"
Aposta apenas na segunda parte, Nuno Gomes tudo fez para evitar a derrota. "Procurámos vencer, mas o adversário foi feliz ao conseguir um golo no único remate que fez à baliza. Nós desperdiçámos oportunidades e quem não marca arrisca-se a sofrer", lembrou, justificando depois as muitas alterações de Jardim. "Não posso falar pelos meus colegas, mas é normal que uma equipa que faz mais jogos do que outra esteja mais cansada. Mas, com a qualidade que temos e apresentámos, podíamos ter feito golos e levado outro resultado", frisou o avançado, que hoje junta-se ao estágio da Selecção Nacional.
A camisola da discórdia
Durante os primeiros 15 minutos, um grupo de adeptos do Leiria gritou insistentemente para o quarto árbitro, pedindo-lhe que olhasse para o equipamento de Quim, que vestia de preto, enquanto o Braga se apresentou de azul escuro. Alegavam ser igual ao dos colegas de campo, mas as reclamações foram infrutíferas.
Aplausos e assobios
Carlão e Paulo Vinícius reencontraram a sua ex-equipa. Recebidos com aplausos na Marinha Grande, nem tudo foram rosas. Os adeptos não esqueceram os golos e aplaudiram o brasileiro quando entrou e quando foi substituído. Mas em jogo, também não esqueceram que Carlão era adversário e quando tentou criar perigo foi assobiado....
Regresso Oito anos depois
Oito anos, quatro meses e um dia depois, Manuel Cajuda regressou ao banco do Municipal da Marinha Grande com o emblema do Leiria. O último jogo em que o técnico comandou na cidade do vidro foi frente ao Gil Vicente, dia 1 de Junho de 2003, que terminou em vitória (4-2). Ontem o resultado foi outro, mas a estreia deixou bons indicadores.
SAD Com Lucro
A SAD do Sp. Braga apresentou esta terça-feira um resultado positivo de 5,2 milhões de euros, no exercício relativo à última temporada de futebol. O valor final deste relatório e contas é um recorde.
Pela primeira vez na sua história, o emblema minhoto obtém um resultado superior a cinco milhões de euros. Na época anterior tinha chegado aos 3,3 milhões e em 2008/09 anunciara um exercício negativo em 2,5 milhões.
Nos oito anos do consulado de António Salvador, este é o sexto resultado contabilístico positivo.
F.C. Porto tem direito sobre três jovens do Sp. Braga
As principais razões para este crescimento financeiro apreciável são o bom desempenho desportivo nas competições da UEFA e a venda de alguns atletas.
«O bom desempenho e crescimento no binómio desportivo e financeiro, proporcionou-nos ser distinguidos, a nível Europeu, pela UEFA com o prémio Best Sporting Progress 2011, atribuído ao clube que mais cresceu no referido ano», referiu António Salvador.
A participação na Liga dos Campeões e a chegada à final da Liga Europa levou 18,7 milhões de euros aos cofres arsenalistas. As transacções de Matheus (Dnipro) e Moisés (Al-Rayyan) também influenciaram decisivamente o equilíbrio financeiro da SAD.
Duas notas mais: nas receitas de bilheteira o clube cresceu 87,6 por cento; em todos os cálculos não foram consideradas as vendas de Sílvio (7 milhões) e o empréstimo de Pizzi, ambos ao Atl. Madrid. Recorde-se que os «colchoneros» têm até 31 de Dezembro para exercer o direito de opção sobre o avançado, no valor de 15 milhões.
Sem comentários:
Enviar um comentário